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Coordenadores da turma

Coordenadores da turma
Magno Cezar Líder e Adriana vice

sexta-feira, 25 de março de 2011

Projeto de Mestrado (modelo)

1. TÍTULO

A Criança, O Letramento Literário e A Formação Cultural
Uma Relação Dialógica  da Literatura Infantil ao Brinquedo

2. INTRODUÇÃO

            A idéia desse estudo surgiu a partir da necessidade de investigar as contribuições que o trabalho escolar, a partir da exploração de textos literários e outros bens culturais (brinquedo, televisão, cinema, teatro, desenho animado etc.), tem proporcionado às crianças estudantes. Dessa forma, ao ressaltar a problemática em torno da importância do diálogo entre a Literatura Infantil e outras produções culturais vigentes, como prática de ensino, na sociedade contemporânea, busca-se compreender de que forma o uso desses materiais culturais conduz a criança ao letramento literário e, concomitantemente, à formação cultural.
            A criança, atualmente, está permeada, seja em casa, seja na escola, por produtos advindos da indústria cultural, o que faz do infante um alvo fulcral para o mercado consumidor.
Depois da mulher, a criança passou a ser considerada um dos instrumentos mais importantes de pressão na publicidade de mercadorias. Foi entre a década de 30 e 40, que a criança começou a ganhar espaço junto à publicida- De, antes da televisão, em malas-diretas, cartazes, revistas, jornais. Mas foi com a introdução da televisão, nos anos 50, portanto, que a criança cresceu em importância em comerciais.
(BULCHABQUI, 1987)
            Nessa perspectiva, o infante encontra-se submerso a uma onda de informações e novidades tecnológicas que o tem descaracterizado como construtor de sua história para tornar-se mero reprodutor, além de extrema relevância atribuída à imagem pela sociedade vigente. Por um lado, isso se faz positivo, pois a criança concentra-se num universo de aprender a lidar com a tecnologia, ou seja, não se trata de um excludente social, no entanto a criatividade para lidar com a “palavra”, matéria-prima do texto literário, em substituição ao descartável, à imagem imediata proposta, por exemplo, pela televisão, pode compelir o infante a romper sua qualidade imaginária, sua curiosidade e senso crítico para com as questões sociais.
            O letramento literário (prática social de leituras de textos literários) corresponde a uma necessidade vital em nossos tempos e sugere-se que seja compartilhado do bom uso, na escola, de produtos culturais supracitados, a fim de oferecer ao docente recursos fundamentais à organização, à humanização e sensibilização da criança para com várias situações cotidianas. Ao contrário disso, salienta-se a idéia de alterar a perspectiva das práticas escolares com o texto literário voltada para fim designativo, tal como a exploração de um poema para ensinar, exclusivamente, a gramática de certos grupos de palavras,  para a dinâmica de ensino com o trabalho educacional paralelo entre texto e audiovisuais.
            Nesse contexto, a criança, ser em processo de formação de seus valores éticos, reconhece nas produções culturais de seu tempo, pela leitura, escrita e apreciação de imagens, aspectos em transformação, contribuindo, provavelmente, mediante criticidade à prática social das leituras efetivadas apoiada às atividades desenvolvidas sobre a seleção adequada do que a indústria cultural disponibiliza no mercado consumidor.
3. OBJETIVOS
  • Estudar a idéia de cultura, a concepção de infância e o tipo de criança a que se propõe o presente trabalho e o conceito de letramento;
  • Analisar os impactos educacionais proporcionados pelo diálogo entre Literatura Infantil e outros produtos culturais;
  • Sugerir estratégias de leitura e aplicação da leitura à criança com vista ao letramento literário, mediante o complemento de outros bens culturais;
  • Investigar como o letramento literário pode favorecer à formação cultural da criança.
4. METODOLOGIA
Primeiramente, faz-se necessário ressaltar que a presente pesquisa enquadra-se no nível de estudos exploratórios.
     De acordo com uma classificação dos métodos de pesquisa em ciências sociais, desenvolvida pro SAVIANI (1994), um estudo exploratório ocupa o primeiro de cinco níveis diferentes e sucessivos, sendo indicado “[...] quando existe pouco conhecimento sobre o fenômeno”.
     Dessa forma, este tipo de estudo visa a proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser por estudos posteriores.
     Quanto aos métodos adotados para o desenvolvimento da presente pesquisa,  faz-se uso da seguinte modalidade de pesquisa: a pesquisa bibliográfica (caracterizada como um estudo teórico).
     Segundo LAKATOS e MARCONI (1986), a pesquisa bibliográfica pode ser considerado o primeiro passo de toda pesquisa científica, consistindo no levantamento da bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita.
     Conforme MANZO (1986), a bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda se cristalizaram suficientemente. Para GIL (1994), a principal vantagem da pesquisa bibliográfica consiste no fato de permitir ao investigados a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.
     Como enfoque teórico norteador do desenvolvimento desta, utiliza-se do enfoque sistêmico. Segundo TRIVIÑOS (1995), os enfoques sistêmicos, que têm suas raízes na teoria geral dos sistemas elaborada por BERTALANFFY (1991), parte da idéia de que existem numerosas relações no interior do objeto estudado o qual, por sua vez, está ligado a um meio externo.
     Nesse sentido ainda, CAPRA (1996) afirma que entender as coisas de forma sistemática tem o sentido de, literalmente, envolvê-las num contexto, estabelecer a natureza de suas relações.
     A pesquisa de campo procede, segundo FRANCO (1985) à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem na real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Nessa perspectiva, pesquisar a atuação de professores de escolas públicas e privadas da Educação Infantil e Ensino Fundamental (Pedagogia e Letras) com o texto literário infantil e juvenil e analisar a matriz curricular da formação desses professores e de alguns cursos atuais compõem a parte referente à pesquisa de campo.
Considerando o propósito de utilizar-se do enfoque sistêmico como método de abordagem adotado para a compreensão e discussão dos fenômenos aqui pesquisados é necessário contextualizar o surgimento da questão central deste trabalho, bem como investigar os elementos que se encontram relacionados com a mesma.
5. JUSTIFICATIVA
As narrativas literárias e os poemas fazem parte do contexto diário da sociedade e da cultura. Eles estão presentes em todas as formas artísticas, até as mais abstratas, e mesmo nos trabalhos científicos. Nesse cenário, entre os gêneros literários existentes, um dos mais recentes é constituído pela Literatura Infanto-Juvenil, que apareceu durante o século XVIII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade provocaram efeitos no âmbito artístico, mudanças que vigoram até os dias atuais.
Segundo Zilberman (2003), o nascimento da Literatura Infantil decorre da ascensão da família burguesa, da nova concepção de infância e da reorganização da escola. A Revolução Industrial (século XVIII) permitiu o declínio da aristocracia, da desvalorização de laços de parentesco, para ceder lugar à formação de uma classe social formada de uma modalidade unicelular, amante da privacidade e voltada à preservação das ligações afetivas entre pais e filhos. A mãe, mesmo na classe de proletariados, amplia seu papel e configura-se como a educadora doméstica, o que aliás, destaca a mudança da maneira de conceber a infância – sujeito com características próprias diferenciadas do universo adulto. Segundo Zilberman (2003), a escola assume um duplo papel: o de introduzir a criança na vida adulta, mas, ao mesmo tempo, o de protegê-la contra as agressões do mundo exterior.
  Nessa perspectiva, no final do século XIX e início do século XX, no Brasil, as produções literárias destinadas ao público infantil e juvenil, gradativamente, assumem seu campo de atuação, mediante adaptações promovidas por Monteiro Lobato, porém ainda são objetos de trabalho pedagógico voltados para fins essencialmente didáticos, isso em virtude da crítica literária não reconhecer a literariedade desses textos infantis e juvenis  e também em decorrência de seu surgimento estar arraigado numa pedagogia moralizante, preocupada em instruir e apresentar normas de obediência.
A Literatura Infanto-Juvenil, desde o final do século XIX até a contemporaneidade, apresentou mudanças significativas que a modelaram e a remodelaram. Conforme Célia Doris Becker (2003), esse gênero enfrentou dificuldades para conquistar hegemonia e ser reconhecido como produção artística, e não apenas como manifestação de arte menor. Talvez por isso, a maioria dos professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental, ao utilizarem algum texto literário como prática pedagógica, não o aplicam de forma adequada: o processo de leitura é entendido apenas no seu valor quantitativo, isto é, quanto mais leitura , mais condições de ampliação de vocabulário; as estratégias de trabalho com o texto literário destinado a crianças e jovens são inconsistentes, porque delas a etapa de interpretação das obras é vazia, irregular, desconsidera valores capazes de contribuir para a valorização humana no que concerne à prática social da leitura e prática com o texto literário.
Muitos estudantes do curso de Pedagogia e Letras estudaram, em sua matriz curricular, a disciplina de Literatura Infanto-Juvenil, principalmente os cursos reorganizados após a LDBEN 9394/96. Entretanto, esse espaço reservado aos textos literários infantis e juvenis torna-se insuficiente, se considerarmos a especificidade da Literatura Infanto-Juvenil, porque os estudantes das áreas em questão aprendem a história desse gênero, suas características, sua estrutura, porém não são formados para promover o letramento literário do público infantil e juvenil. Como conseqüência disso, assim que formados e inseridos no mercado de trabalho, os professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental disseminam práticas pedagógicas inadequadas quanto à relevância do texto literário infantil e juvenil, pois segundo Rildo Cosson (2006),
O conteúdo da disciplina Literatura passa a sercanções populares, as crônicas, os filmes, osseriados de TV e outros produtos culturais,com a justificativa de que em um mundo onde
a imagem e a voz se fazem presentes commuito mais intensidade do que a escrita, não há por que insistir na leitura de textos literários A cultura contemporânea dispensaria a mediação da escrita ou a empregaria secundariamente. Por isso, afirma-se que se o objetivo é integrar o aluno à cultura, a
escola precisaria se atualizar, abrindo-se ás práticas culturais contemporâneas que muito mais dinâmicas e raramente incluem a leitura literária.
 Nesse caso, Cosson afirma que é fundamental que se coloque como centro das práticas literárias na escola a leitura efetiva dos textos, e não as informações das disciplinas que ajudam a constituir essas leituras, tais como a crítica, a teoria ou a história literária. Também afirma que essa leitura não pode ser feita de forma assistemática e em nome da fruição diletante (mero entretenimento).
O profissional da educação formado para promover o letramento literário infantil e juvenil, além disso ser uma prerrogativa de sua formação subjetiva, deve compreender os horizontes que essa modalidade de texto pode proporcionar, apresentando-se como letrado e dispondo de estratégias que visam à imersão dos alunos em um universo das letras literárias, de maneira a contribuir à criatividade, senso crítico, entre outras competências atitudinais necessárias à prática da cidadania e alimentação da própria alma.
6. POSSÍVEIS CAPÍTULOS
            CAPÍTULO 1:  Criança,  Letramento  e  Produção Cultural
            CAPÍTULO 2:   Literatura Infantil e Produção Cultural
            2.1. O Texto Literário e o Brinquedo
            2.2. O Texto Literário e a Televisão
            2.3 O Texto Literário,  O Cinema e O Teatro
            CAPÍTULO 3: A Escola e a Promoção do Letramento Literário
            CAPÍTULO 4: Letramento Literário e Formação Cultural: um diálogo necessário
            CONSIDERAÇÕES FINAIS

7. CRONOGRAMA
MÊS / 2008
ATIVIDADE
Janeiro
Levantamento e leitura do material bibliográfico
Fevereiro
Leitura do material bibliográfico
Março
Reorganização do projeto de mestrado
Abril
Desenvolvimento do Capítulo 1
Maio
Revisão do Capítulo 1
Junho
Desenvolvimento do Capítulo 2 e depósito para Qualificação
Julho
Revisão do Capítulo 2 e desenvolvimento do Capítulo 3
Agosto
Revisão do Capítulo 3 e Qualificação
Setembro
Desenvolvimento do Capítulo 4
Outubro
Revisão do Capítulo 4 e considerações finais
Novembro
Redação final da dissertação e apresentação de resultados.
Dezembro
Revisão da redação final da dissertação, apresentação de resultados e depósito para a defesa.

 8. BIBLIOGRAFIA (EFETIVADA)
ABRAMOVICH, FANNY. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São Paulo: scipione.2006.
                 BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de fadas. 21 ed.  São Paulo: Paz e Terra, 2007.
                 COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. Teoria, análise e didática. São Paulo: Contexto, 2005.
                 COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
                 CURTO, L.M.; MORILLO, M.M. e TEIXIDÓ, M.M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler. Porto Alegre: Artmed, 2000, v. I.
                 FARIA, Maria Alice. Como usar a Literatura Infantil na sala de aula. 2  ed. São Paulo: Contexto, 2005.
________________Parâmetros Curriculares e Literatura: as personagens de que os alunos realmente gostam. São Paulo: Contexto, 1999.
                  HARGREAVES, Andy. O ensino na sociedade de conhecimento: educação na era da insegurança. Porto Alegre: Artmed, 2004.
                  IMBERNÓN, Francisco. A educação no século XXI: os desafios do futuro imediato. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
                  LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
                 MAGNANI, Maria do Rosário Mortatti. Leitura, Literatura e Escola. Sobre a formação do gosto. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes. 2001.

MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1984.
                 MÜGGE, Ernani & SARAIVA, Juracy Assman. Literatura na Escola: proposta para o ensino fundamental. Porto Alegre: Artmed, 2006.
                 ROCHA, Ruth. O rei que não sabia de nada. 2 ed. São Paulo: Salamandra: 2003.
                 SARAIVA, Juracy Assmann. Literatura e Alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artemed, 2001.
                  SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
       ZILBERMAN, Regina.  A Literatura Infantil na Escola. 11 ed. São Paulo: Global, 2003.
_________________. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva: 2005.
8.1 BIBILIOGRAFIA (A SER LIDA)
ALLOUFA, Jomária M. L; L’ABBATE, Maria de Lourdes. Pesquisa e formação do professor na área da leitura e escrita no ensino fundamental. In: Ministério da Educação e do Desporto. Formação de Professores e Alunos Leitores. São Paulo: Moderna. 1994 (Caderno Educação Básica, nº 06)
                  ALMEIDA, Elenice Machado. Presente de Grego. 12 ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 2002.
                  ALVAREZ, Reynaldo Valinho. ABECE da Dica Nanica. São Paulo: Agir, 2002.
AMAE Educando. O poder da língua escrita. Fundação AMAE. nº 242, abr 1994.
                 BAJARD, Élie. No caminho da leitura, Revista Amae Educando, nº 228, jun de 1992.
                 BANDEIRA, Pedro. Malasaventuras. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2003.
                 BLOCH, Pedro. Dicionário do humor infantil. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
                 BRANDÃO, Ana Lúcia de Oliveira: A experiência das bibliotecas infantis de São Paulo e os contadores de história. Leitura e Literatura para a infância e a juventude.  In: Anais do II Seminário Nacional sobre Literatura Infantil, Livro Didático e Participação da Comunidade na Formação de Leitores. Revista TEMA – Faculdades Teresa Martan. São Paulo, 1996.
CORSO, Diana e Mário. Fadas no divã: psicanálise nas histórias infantis. Porto Alegre: Artmed, 2006.
                 GEBARA, Ana Elvira Luciano. A poesia na escola: leitura e análise de poesia para crianças. São Paulo: Cortez, 2002.
                  LAJOLO, Marisa & ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira: Histórias & Histórias. 6 ed. São Paulo: Ática, 2006.
                  RODARI, Gianni. Gramática da Fantasia. São Paulo: Summus Editorial, 1982.
                  SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Chapecó: Argos, 2001.
                  SOUZA, Malu Zoega de. Literatura juvenil em questão: a aventura e desventura de heróis menores. São Paulo: Cortez, 2001.


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